segunda-feira, 16 de abril de 2012

Xadrez


Não, não é fácil ser homem. Há muitos costumes que eu tinha que tive de deixar para trás. A maquiagem, por exemplo... Não dava para passar.
Mas devo admitir que não saio de cara lavada. Peço ajuda da princesinha do Exílio, Louise, para me maquiar. Ela passa um pó, e marca meus olhos com o lápis. Não me sinto feminino assim.
Já senti vontade de roubar uns beijos dos doces lábios avermelhados daquela loira, mas o meu lado mulher ainda me dava um pouco de sanidade.

Deixei de escrever aqui por causa dos afazeres do Exílio. Está sendo muito bom e eu ganho o respeito merecido. As mulheres? Me adoram. Os homens? Confiam em mim. As crianças querem o meu colo e carinho e eu não sou de recusar. Sabia que Yomi já me viu nu? Alegou que as roupas de Kikyo não estavam no meu nível e me ajudou a vestir trajes mais nobres. Isso não vem ao caso no momento.
Estou do lado de Chun agora, contra Conchita. Já faz 4 meses que larguei meu corpo antigo e por isso não sinto mais pesar em falar: Conchita já era!

Hoje eu recebi um pedido de aliança dos Zero.
Lembra deles? O grupo mutante que se metia em encrenca e apuros? Sim, eles cresceram e... Bem... As mocinhas já viraram mulheres. Pode estar me achando um tarado, mas não posso fazer nada. É o instinto masculino de qualquer forma.
Não me lembro de ter me relacionado com homem algum quando eu era Hakushiro, e ultimamente, ando observando ambos os sexos. Que medo de virar bi! Não... Não tem esse perigo, eu juro.
Passaram a me chamar de Byakurai, o Raio Branco, por conta da habilidade que Kikyo tinha, que se modificou quando eu o possuí.
Hoje, decidi que passarei a me entregar mais à luxuria e começarei a dar em cima das menininhas daqui... Uma após uma... Tomando-as e jogando fora... Como tantos pretendiam fazer comigo.
Há uma grande lista... Prometo contar todos os detalhes, mas terá de ser em um caderno separado. Este aqui não tem cadeado... O outro terá.
Bem, o que estou fazendo?! Estou contanto minhas estripulias enquanto tenho trabalho a cumprir... Preciso relatar o tão temido Xadrez Humano... Que participei como rei.
O rei branco. Reinou ao meu lado a rainha Louise, tão bela... Como bispos, tivemos Yomi Tosaru e Phup Divine. Como cavalos, Rivel Leroy e Catherine Augusta Leroy. Como torres, a nossa “Rapunzel” Helena Nate e seu irmão Mihael Nate. Os peões não são relevantes... São apenas prisioneiros do Exílio.
A batalha foi cerrada. Como peças negras, tivemos as Rebeldes do Zero, e também as mais antigas. Como rei: Ailes. Como rainha: Serpent. Como bispos: Os gêmeos Pierre e Vert. Como cavalos: Broyage e Mirage. Como torres: Rien e Cicatrice. Os peões eram classes menores no Zero, com exceção de Spark, ressuscitada apenas para o evento.  
Não houve bem uma ordem pré-definida para a batalha, mas até que estava tudo bem organizado. No primeiro turno os peões jogaram e nessa rodada empatamos. No nosso lado, Toraley. No lado das peças negras, Spark. Até que aquela de vestidinho rosa tinha estilo... Ambas ganharam o titulo de segundas rainhas... Ou para ficar mais bonito em nossa língua: As princesas do jogo de Xadrez Humano de A.R...

Prólogo



Suas palavras doces encheram meu peito e eu acreditei que ela estava querendo me ajudar.
Estávamos dentro de um templo, o Templo da Harmonia, onde só eu sabia como entrar, e ela como convidada, me seguiu.
Eu havia sido golpeada gravemente na guerra, no único lugar que a armadura não cobria, mas mesmo assim, ia sobreviver. Mil e uma ataduras para conter o sangue, mas a dor não ia embora. Eu também não conseguia me concentrar para harmonizar a dor, então iria sofrer até o ferimento se curar sozinho.
Ela ainda me observava, enquanto me deitava numa grande mesa de pedra redonda, onde normalmente era usada para rituais. Se ajoelhou na minha frente e ficou a encarar a ferida, esperando alguma melhora, mas eu estava calma. Sorri e sussurrei o nome dela, Yomi, que mesmo significando “Mundo dos mortos”, não era má. Ela olhou para mim, com aqueles olhos brilhantes de preocupação, um azul e o outro esverdeado. Abriu os lábios para falar algo, mas nada saiu. Começou a olhar os vitrais, preocupada com flechas que poderiam atingir os vidros e consequentemente, acertar nós duas.
Eu disse que estava tudo bem. Já havíamos programado a minha morte e renascimento fazia um mês, desde o dia que Ghanida propôs guerra à Conchita. Ela, comandante do Grande Exército Morto. Eu, comandante do Pequeno Exército Branco.
Yomi me olhou mais uma vez, querendo fazer bonito e falando algo em francês. Eu sorri, os cursos estavam dando certo, e ela havia aprendido a sua 4ª língua. Era bom para alguém da idade dela.
Segurou minha mão. Sussurrou meu nome diversas vezes, implorando para não ter que fazer como o planejado mas... Já era tão tarde.
E eu tão calma... Apenas gemia baixo de dor. Yomi entendeu que não havia outro jeito.

Vou explicar melhor...
Fazia um mês, ela veio com a noticia da guerra. A guerra denominada como Joia Rara, que botaria um fim às diferenças de poderes em A.R.
Mas Ghanida é cruel. Um demônio controlador de demônios, que não pensa duas vezes antes de matar. Ela trajava uma armadura rubra quando veio até Conchita, e estava com uma longa e larga espada. Me devorou com os olhos e nesse momento eu sabia... Ela ia me matar na primeira oportunidade, sem me deixar chances de voltar à vida.
Yomi falou então que se me matasse apenas na forma física, poderia selar meu espírito em outra pessoa. Como o espírito de uma geração celestial tem os cabelos alvos, qualquer mulher que escolhêssemos ia se parecer comigo. Então... Escolhemos um homem.
Além disso, como era lindo. Mesmo contendo olhos escuros e cabelos negros bem longos, Kikyo era maravilhoso. Conversamos por muito tempo e eu percebi que era a escolha perfeita.

Bem, era a hora. Havia sons de explosões e laminas grunhindo, e estava chegando mais perto. Iam invadir o templo. Isso apenas significava que Ghanida havia liquidado Conchita, e isso me fez chorar muito. Muito, mas por pouco tempo, pois os braços de minha amiga me envolveram e suas palavras de consolo acalmaram meu espírito.
Ela disse: “Voltarei para buscá-los ainda com vida.”
Yomi me deixou ali, descansando, enquanto corria para o andar superior do templo. Kikyo estava ali. Pediu para que ele descesse junto com ela. O rapaz ficou em pânico ao me ver ferida, mas se conteve. Minha amiga explicou: Para concluir o ritual, os corpos devem estar de alguma forma, conectados, e o recipiente deve estar vazio.
Antes que pensar besteira, ela já disse que um beijo já resolvia.
O rapaz subiu sobre mim, evitando o peso do corpo tão somente por eu estar machucada. Respirou fundo e me beijou. Eu tive de corresponder. Yomi fechou os olhos e invocando a lança de Byakushi. Na outra mão, sacou uma katana normal.
Golpeou-nos de uma única vez. Ele deve ter sentido muita dor, pois eu vi as lagrimas em seus olhos enquanto sentia o calor do seu sangue escorrer sobre meu ventre. Foi a katana que o fez sangrar, já que a lança, mesmo também tendo atravessado-o, foi como se ela não estivesse ali. Eu senti apenas um calor quando a ponta da arma e atingiu, mas não havia dor. Essa era a tão temida arma da deusa Byakushi, a Morte Branca? Devo ter entendido o por que só agora.
Fechei os olhos na mesmo hora que Kikyo morreu. Eu morri. Meu espírito foi guiado até o coração do rapaz, mas demoraria algum tempo para despertar.
A minha amiga botou fogo no meu antigo corpo... A Hakushiro havia partido. Partido para sempre. Felizmente, estava desacordada quando ela fez isso, ou teria chorado muito e estragado a beleza masculina daquele rapaz. 

sábado, 14 de abril de 2012

Malditos portões...

Estou trancada aqui.

Trancada como um canário numa gaiola, a gaiola de deus.
Está escuro. Escuro e frio.
Onde roubaram todos os sonhos meus.
A maldita treva...
Me amarra e leva...
Para dentro do inferno.
Nada me agrada...
Nem desagrada...
Eu sou de ferro...
Minha mente é fria.
Dentro dela eu ria...
Sozinha...
Sou um anjo...
Sou uma deusa...
Guerreira
Arteira
Princesa...
Sou rainha...
Rei...
Da guerra não fugirei.
Sou sincera...
Mas uma hera
Com veneno.
Não olhe em meus olhos.
Não leia minha mente.
Mesmo se tentasse...
Não ficaria contente.
Sou difícil de prever...
Eu somente irei vencer...
Com ajuda...
Sem ajuda...
Esse é o meu ser.